Petrobras retoma venda de ativos na Argentina

olhovivo

O momento de terrorismo político certamente não é o mais propício para sacudir este galão de combustível, mas a Petrobras tem de tratar dos seus interesses. Em meio ao fogo cruzado que a atinge por todos os lados, a estatal retomou uma importante operação emperrada há mais de um ano: a venda de parte de seus ativos no mercado argentino. Quem está do outro lado do balcão é a petroleira portenha Pluspetrol. A negociação envolve a compra de um terço da Petrobras Participaciones (PPS), por sua vez a maior acionista da Petrobras Argentina (Pesa). A companhia detém um variado cardápio de ativos: uma refinaria em Baía Blanca e outra na região de Salta (Refinor), uma série de gasodutos, geradoras de energia, além de uma rede de postos de combustíveis. Estima-se que a operação passe dos US$ 500 milhões. No início do ano passado, a Petrobras conversou com diversos candidatos, mas os valores colocados sobre a mesa não agradaram. Na ocasião, quase fechou negócio com a Indalo, controlada pelo empresário Carlos Fabián. O acordo não saiu. No entanto, passado mais de um ano, Fabián volta a ser um personagem importante neste enredo. A Pluspetrol deverá entrar no negócio de mãos dadas com a Indalo. A associação se deve mais a motivações de ordem política do que econômicas. Fabián é um dos empresários mais próximos de Cristina Kirchner. Sua presença, portanto, é praticamente uma garantia de que o governo argentino não fará qualquer objeção ao acordo. O imprimatur oficial é quase obrigatório em se tratando de um negócio que envolve ativos e operações extremamente estratégicos para o país. Consta que as relações entre os controladores da Pluspetrol, as famílias Rey e Poli, e Cristina Kirchner não são das mais azeitadas. Em 2012, por exemplo, a presidente argentina expropriou a YPF Gás, então controlada pelo grupo e pela Repsol. Não custa lembrar que a própria convivência entre a Petrobras e o governo Kirchner é constantemente marcada por atritos, devido às recorrentes cobranças para que a estatal aumente seus investimentos na Argentina. Carlos Fabián surgiria justamente como o algodão entre os cristais, a peça capaz de fazer toda a engrenagem rodar. Não obstante o conturbado cenário político – deflagrado justamente por conta de um ativo da Petrobras no exterior, no caso a refinaria de Pasadena –, o mundo não pode parar. A estatal trata a venda de parte da Petrobras Argentina como um movimento fundamental para gerar caixa e cumprir seu plano estratégico. Além do valor arrecadado com a negociação de um naco do capital da Pesa, também entra nesta conta a cifra que a companhia economizará ao reduzir seus investimentos na Argentina.

Fonte: Relatório Reservado