Locomotivas da GE perdem velocidade no Brasil

Pelo andar da locomotiva, não demora muito e a GE conseguirá uma proeza que até outro dia soava como inimaginável: perder a histórica liderança entre os fabricantes de equipamentos ferroviários no Brasil. Um a um, o gigantesco grupo norte-americano tem acumulado uma série de tropeços que podem lhe custar caro. De um lado dos trilhos, a sucessiva redução do volume e pedidos em carteira, que soma aproximadamente 20% nos últimos três anos; do outro, o aumento dos custos operacionais na fábrica de Contagem (MG).

A colisão entre estes dois comboios tem custado caro à companhia. A GE Transportation está revendo seus investimentos. O plano de expansão da fábrica mineira, o mais importantes dos projetos, descarrilou. Os norte-americanos pretendiam atingir a marca de 120 vagões por ano. A produção de 2014, no entanto, não deve chegar a 50 unidades. Para este ano, o aporte de US$ 10 milhões, similar ao de 2013, está mantido. Mas, para 2015, a tendência é que a empresa baixe a cancela sobre seu caixa.

Enquanto a GE perde velocidade, a concorrência vem no seu encalço. A Caterpillar deverá entregar mais de 40 locomotivas ao longo de 2014. Um fato chama ainda mais a atenção: a companhia inaugurou sua fábrica de Sete Lagoas (MG) há apenas dois anos. Nessa toada, poderá assumir a dianteira do mercado brasileiro já em 2015. A posição da GE no mercado brasileiro é ameaçada também por grupos chineses que têm desembarcado no Brasil oferecendo locomotivas importadas a preços até 20% inferiores ao dos equipamentos nacionais.

Na GE Transportation, havia a expectativa de que a queda de encomendas no mercado interno pudesse ser compensada por uma maior inserção internacional. No entanto, a promessa da matriz de alocar na subsidiária brasileira encomendas recebidas em outros países não se consumou, ao menos não na dimensão esperada. Os norte-americanos acenaram com pedidos provenientes de cinco países. Até agora, no entanto, a GE Transportation do Brasil vendeu locomotivas apenas para Colômbia e Moçambique. Procurada pelo RR, a GE não se pronunciou.

 

Fonte: Blog Relatório Reservado