A produtora de celulose Fibria vê cenário favorável para a implementação completa de reajuste de preços do insumo a partir deste mês, afirmaram executivos da companhia a analistas nesta quarta-feira.
Segundo o diretor comercial, Henri Philippe van Keer, a companhia “não está encontrando dificuldade para implementar aumento de preços”. A empresa não confirmou de imediato o tamanho do reajuste que estaria sendo implementado.
Em setembro, a Fibria havia informado que elevaria os preços para 750 dólares a tonelada na Europa, 840 dólares nos Estados Unidos e 640 dólares na Ásia com implementação a partir de outubro.
“O estoque está extremamente apertado para nós e na indústria e a demanda continua boa”, acrescentou o executivo.
Mais cedo, a empresa divulgou que encerrou o terceiro trimestre com prejuízo de 359,4 milhões de reais, afetado pelo impacto da valorização do dólar na dívida.
As ações da companhia subiam mais 1,7 por cento, enquanto o Ibovespa tinha alta de 1,24 por cento, às 12h57.
Segundo Keer, apesar da desaceleração da China, importante mercado de celulose na Ásia, um dos destaques no consumo do insumo no terceiro trimestre, o consumo de celulose no país tem crescido, sustentando a demanda.
Mesmo o enfraquecimento do euro contra o dólar não tem gerado preocupações fortes na empresa, uma vez que a oferta de celulose na Europa caiu, disse Keer. “A oferta na Europa reduziu, os estoques de celulose estão apertados, isso faz com que não tenha resistência a aumento de preço na Europa, apesar do movimento desfavorável do câmbio”, afirmou o executivo.
Sobre o plano de ampliar a fábrica em Três Lagoas (MS), o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, afirmou que a diretoria não trabalha com a chance do projeto não ser implementado. “Não é uma questão de se vai ou não vai, mas de quando”, disse, afirmando que uma decisão deve ser tomada até o início de 2015.
O projeto, uma nova linha de celulose com capacidade para 1,75 milhão de toneladas por ano, tem previsão de iniciar operações no final de 2016.
O plano está sendo considerado em relação a outras duas alternativas: consolidação ou retorno a acionistas na forma de dividendos ou recompra de ações, disse o diretor financeiro da Fibria, Guilherme Cavalcanti.
Porém, Castelli afirmou que “não há absolutamente nada, nenhuma negociação em curso” sobre consolidação, apesar de ser sua opção preferida no longo prazo em termos de geração de valor para a empresa e seus acionistas.
“O foco neste momento é fortalecer o balanço como estamos fazendo, voltarmos a ter opções, que seriam Três Lagoas, estarmos preparados para eventuais rodadas de fusões e aquisições (…) e retorno a acionistas”, disse Castelli.
O acordo de acionistas da Fibria, envolvendo BNDESPar (30,38 por cento das ações) e Votorantim Industrial (29,42 por cento), vence em 29 de outubro, mas Castelli afirmou que a diretoria entende que ele deve ser renovado antes do fim prazo.
Fonte: Reuters