Apesar de prejuízo, Eletrobras investe na Nicarágua; acionistas criticam

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A estatal de energia Eletrobras acumula um prejuízo de R$ 1,862 bilhão nos três primeiros trimestres de 2014, o que fez com que a empresa admitisse que talvez não possa pagar dividendos, a distribuição dos lucros da empresa aos acionistas, neste ano.

Mesmo assim, o Conselho de Administração da empresa decidiu aprovar um investimento de US$ 100 milhões na construção de uma hidrelétrica na Nicarágua.

O aporte vai ser usado para o início da implantação da usina, que deve ter custo total de US$ 1,1 bilhão, e capacidade para gerar 253 megawatts (MW).

Segundo o jornal “Valor Econômico”, o empreendimento é tocado pela Centrales Hidroeléctricas de Nicaragua (CHN), empresa criada pela Eletrobras e pela Queiroz Galvão.

Os acionistas criticam a decisão da empresa, argumentando que é preciso sanar os problemas internos de caixa antes de realizar os investimentos.

A empresa se defende dizendo que o empreendimento dará mais retorno do que os projetos brasileiros, e que as obras precisam ser iniciadas rapidamente para aproveitar o período de seca.

De acordo com o Valor, na última semana, o investidor Roberto de Moura Campos, minoritário da Eletrobras, questionou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores (RI) da empresa, Armando Casado, pela aprovação do investimento.

“Após sucessivos prejuízos bilionários da Eletrobras, causa perplexidade a decisão do conselho de administração de realizar investimento na hidroelétrica de Tumarín. Tem-se a impressão de que a administração está completamente alheia aos sérios problemas internos da empresa e toma decisão de caráter político, que nada tem a ver com os reais interesses da empresa”, afirmou Campos, na carta enviada ao diretor da Eletrobras.

Em julho, a Eletrobras teve que recorrer a um empréstimo de R$ 6,5 bilhões financiado pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal para cumprir seu plano de negócios.

A empresa também registrou prejuízos de mais de R$ 6 bilhões nos balanços consolidados de 2012 e de 2013.

Na última quarta-feira (26), a Eletrobras se defendeu das críticas ao investimento na Nicarágua, afirmando que “a decisão de realizar investimentos no empreendimento Tumarín, tomada por seu Conselho de Administração (CAE), em 14 de novembro, garante a viabilidade do projeto sob o ponto de vista técnico e contratual”.

A Eletrobras argumenta que tecnicamente, “as obras devem ser iniciadas imediatamente para aproveitar o período de seca (janela hidrológica) da região” e que, “caso isso não ocorra, o cronograma do projeto sofrerá atraso de cerca de um ano, comprometendo a rentabilidade do negócio”.

Ainda de acordo com a empresa, a participação em Tumarín apresenta-se como uma boa oportunidade de negócio com rentabilidade superior às atualmente obtidas no Brasil.

A estatal defende que “essa participação mostra-se condizente com a estratégia de internacionalização da empresa, que objetiva a melhoria da competitividade, a recuperação da capacidade de investimento e a geração de valor para a Eletrobras e seus acionistas.

Fonte: Uol