O empresário Abilio Diniz e o Carrefour mantêm conversas sobre a compra de uma participação na unidade brasileira da rede francesa de varejo, afirmou uma fonte com conhecimento direto da situação nesta quarta-feira.
Diniz estaria negociando a compra de uma fatia de entre 10% a 15% da unidade, afirmou a fonte, acrescentando que as conversas entre Carrefour e o empresário brasileiro estão em “estágio muito avançado”, disse a fonte.
Segundo ela, o Carrefour vê uma colocação privada como um alternativa mais viável no momento do que uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da unidade, segunda maior varejista do Brasil.
A Reuters havia noticiado em março que o Carrefour avaliava uma captação privada de recursos no Brasil em vez de um IPO, com o empresário Abilio Diniz surgindo entre os potenciais compradores.
Diniz, que deixou o cargo de presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA) no ano passado, reduzindo significativamente sua participação na companhia fundada por seu pai, se associou à empresa de investimentos Tarpon em compras recentes de até 6% das ações do Carrefour, listado na França.
Enquanto a estrutura do acordo ainda está sendo discutida, Diniz poderá obter “direitos de administração”, ou o poder para ajudar a gerir a unidade brasileira do Carrefour, que inclui o Atacadão, rede de atacado de autosserviço, afirmou a fonte.
A Península Participações, empresa que reúne os investimentos de Abilio e sua família, não comentou o assunto. Uma porta-voz do Carrefour na França se recusou a comentar “especulações de mercado”.
Para Abilio, um acordo com o Carrefour marcaria um retorno ao varejo supermercadista, após a transferência em 2012 do controle do GPA ao grupo francês Casino, arquirrival do Carrefour no Brasil e na França. Após se desligar do GPA no ano passado, Abilio assumiu a presidência do Conselho da empresa de alimentos processados BRF, maior produtora mundial de aves.
As relações entre Abilio e o Casino azedaram depois de o empresário iniciar conversas para uma associação entre o GPA e o Carrefour Brasil em 2011. Pelo acordo esboçado, o Carrefour obteria uma fatia no GPA assim como o Casino, que não aprovava a investida e se preparava para assumir o controle do negócio sob um acordo de acionistas fechado anteriormente com Abilio.
Segundo a fonte, os recursos obtidos com a venda da participação ajudariam o Carrefour a duelar com o GPA no competitivo mercado varejista do Brasil. Mas o Carrefour ainda não desistiu da ideia do IPO da unidade brasileira, com um envolvimento de Abilio no negócio como um investidor âncora “contribuindo fortemente em termos de visibilidade”, disse a fonte.
Fonte: Terra