A Camargo Corrêa pretende vender uma fatia da InterCement, uma das maiores produtoras de cimento do mundo e a principal empresa do grupo hoje.
A intenção é encontrar um sócio disposto a comprar de 10% a 18% da empresa, o que poderia render de R$ 2 bilhões a R$ 3,6 bilhões. A porcentagem ainda está em discussão no conselho de administração da companhia.
Os recursos serão usados para fazer novos investimentos, principalmente no exterior. Com faturamento de R$ 8 bilhões no ano passado, a InterCement é dona de 40 fábricas em países da América do Sul, da África e da Europa.
O fortalecimento da área de cimento, que já responde por mais de 30% da receita da Camargo, é parte de uma estratégia maior e que prioriza a mudança do perfil do grupo, que faturou R$ 26 bilhões no ano passado.
A Camargo vem reduzindo a presença no setor de obras públicas, fonte de dores de cabeça nos últimos anos –como o envolvimento na Operação Lava Jato.
Sua empreiteira foi acusada por dois de seus executivos de pagar propina para conseguir contratos na Petrobras. Os dois funcionários fizeram acordo de delação premiada com a Justiça.
A construtora já tinha sido alvo da Operação Castelo de Areia, uma investigação sobre delitos financeiros como evasão de divisas, que acabou anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Essas confusões levaram os acionistas do grupo –as três filhas do empresário Sebastião Camargo e seus maridos– a reduzir a presença em obras para governos.
Hoje, a empresa já não faz mais estradas e ferrovias para o setor público. Foi também uma das poucas empreiteiras a ficar fora da construção dos estádios da Copa. A construtora agora tem priorizado obras para clientes privados e concessões.
O cimento ganhou espaço relevante dentro da Camargo após a compra da portuguesa Cimpor, em 2010 –uma aposta que vem dando retorno.
A empresa, que passou a se chamar InterCement, é líder de mercado em Portugal, na Argentina, em Moçambique e em Cabo Verde. No Brasil é a segunda maior, atrás da Votorantim.
A InterCement tem uma dívida pesada, de cerca de R$ 8,2 bilhões, por isso prefere atrair um sócio minoritário que coloque dinheiro novo na operação.
O mandato de venda da participação acionária está sendo negociado com Bradesco e Itaú, que financiaram a compra da Cimpor. Deve ser contratado também um banco estrangeiro.
Um dos grupos brasileiros mais diversificados entre aqueles que cresceram a partir da construção pesada, a Camargo é dona da Alpargatas, sócia da CCR (concessões de rodovias e aeroportos) e da CPFL, uma das maiores empresas de energia do país. As obras públicas, hoje, contribuem com menos de 5% do faturamento do grupo.
Fonte: Uol