O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) considerou preocupante que criminosos utilizem inteligência artificial (IA) para aplicar crimes no Distrito Federal. O caso foi revelado pelo Correio, que mostrou que, no ano passado, quase 50 mil ocorrências de estelionato foram registradas na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
O presidente do sindicato, Enoque Venancio de Freitas, destacou que, apesar de a corporação estar extremamente preparada para lidar com esse tipo de crime, os investigadores estão desmotivados e sobrecarregados, e as demandas para solução são diárias e de natureza diversa.
“A não solução de casos de golpe financeiro pode gerar uma sensação de insegurança para os cidadãos e para os criminosos, impunidade. Hoje, diante do nível de sobrecarga na PCDF, dificilmente o policial consegue dar uma resposta efetiva a esse tipo de crime, pois os esforços estão concentrados em crimes que exigem uma resposta mais imediata, como homicídio, feminicídio e combate ao crime organizado”, explicou Enoque.
Outros fatores citados pelo presidente do sindicato são o número de inquéritos finalizados. A reportagem mostrou que, no ano passado, 582 inquéritos foram instaurados e apenas 171 suspeitos encaminhados à Justiça. “Isso acentua a escassez de policiais civis para combater esse tipo de crime, uma vez que sua investigação requer habilidades técnicas específicas. O cidadão cobra uma resposta rápida, e precisamos entregá-la. Nossa missão é investigar, mas estamos esgotados”, afirmou.
Segundo Enoque, a PCDF tem atualmente um déficit médio de 50% no efetivo. “Temos um grande desafio, pois a inteligência artificial está nas mãos dos criminosos. É um problema para além do combate em si. Se o Distrito Federal não puder contar com policiais civis motivados para o trabalho, essa ameaça dos criminosos pode ganhar um patamar ainda mais preocupante. É preciso investir na valorização dos investigadores e melhorar as condições de trabalho para que as demandas da população sejam atendidas conforme as expectativas”, completou Enoque.
Dados obtidos pelo Correio, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), mostram que, em 2023, foram registrados no Distrito Federal 49.931 ocorrências de estelionato — uma média de 136 casos por dia ou cinco por hora.
O uso de aplicativos de celulares, para a troca de mensagem e a tecnologia inteligência artificial (IA), que podem replicar a voz de pessoas próximas e fazer vídeos a partir de fotos, além da clonagem de perfis em redes sociais, são algumas das principais armas dos criminosos.
No ano passado, o mês com o maior número de registros desse tipo de crime foi outubro, com 4.690 ocorrências; seguido por novembro (4.444); e agosto (4.414). A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) conseguiu instaurar 582 inquéritos e apontar 171 suspeitos ao Poder Judiciário. Nas delegacias da capital federal, já existem registros de crimes utilizando IA.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram