Conheça as edtechs, que usam games e IA para fechar lacunas da educação no Brasil

Baixo nível de leitura, dificuldades com português e matemática, limitações na escrita. Muitos são os desafios da educação brasileira, mas a tecnologia vem ajudando a reduzir lacunas.

Em todo o país, startups de educação estão em expansão, oferecendo de plataformas que incentivam a leitura a reforço escolar com gamificação e inteligência artificial (IA).

Um exemplo é a carioca Árvore, que quer democratizar o acesso aos livros por meio de uma plataforma gamificada de leitura voltada às escolas. Com um acervo de 100 mil títulos, a edtech diz já ter impactado 2 milhões de alunos e 100 mil professores no Brasil.

Agora, a Árvore quer potencializar outras habilidades — competências socioemocionais, criatividade e inglês — por meio de um aprendizado personalizado e até um mascote-robô baseado em IA. Outra novidade é o recurso de fluência leitora, que permite aos educadores identificar se os estudantes leem com precisão, expressividade e no ritmo certo. A startup também aposta em um assistente virtual com IA, em fase de testes, para apoiar professores e escolas.

— Estamos nos dedicando para atingir dez milhões de alunos nos próximos anos — projeta o CEO João Leal.

Na Educacross, o foco é alfabetização e matemática. A edtech oferece às escolas uma plataforma digital que combina IA e jogos alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O programa sugere “trilhas” personalizadas, mapeando riscos e prevenindo distorções.

— As escolas nas quais atuamos demonstraram melhora de até 30% na aprendizagem — afirma Mário Teodoro, coordenador de novos produtos da startup usada por 360 mil alunos em 2,2 mil escolas. — Temos produtos novos que vão expandir os usos da IA.

Expansão internacional

Outra iniciativa é da Alicerce, cujo foco é em leitura, matemática e programação. A edtech oferece três soluções: educação infantil, reforço escolar no contraturno, para alunos de 5 a 15 anos, e qualificação profissional com recomposição de base para jovens e adultos.

Em 2023, a Alicerce captou recursos para retomar seu canal direto com o público, que havia sido suspenso na pandemia, e criou 16 unidades de ensino na região metropolitana de Curitiba. Agora, a startup explora sua expansão internacional com projetos nos EUA e na Nigéria.

— A empresa vai cautelosamente explorar essas oportunidades de internacionalização, criando as bases para a construção de uma empresa global, uma inovação brasileira que pode impactar o mundo — diz Paulo Batista, CEO e fundador do Alicerce.

Inteligência artificial para reduzir custos

Apesar do crescimento, o alto custo das ferramentas de educação ainda é um entrave a investimentos em edtechs, explica Victor Harano, gerente de pesquisa da aceleradora Distrito. Mas ele vê oportunidades na redução de custos por meio de IA:

— Cada vez mais pequenas e médias escolas vão utilizar soluções inovadoras.

O uso da IA na educação foi um dos temas da primeira edição do Startup Labs, que aconteceu no último dia 26. O evento foi realizado por Pequenas Empresas & Grandes Negócios e O GLOBO, e contou com o Rio de Janeiro como Cidade Anfitriã e parceria de Extra e Valor Econômico.