Uma mudança significativa na estrutura dos crimes contra o patrimônio vem sendo observada no Brasil. Nos últimos anos, as estatísticas apontam que a criminalidade tem abandonado as ruas e vem ocupando cada vez mais a internet. A incidência de delitos virtuais — aqueles aplicados por meio da web e que envolvem o uso de equipamentos eletrônicos — é percebida pelos cidadãos e pelas autoridades.
Segundo o Anuário de Segurança Pública de 2024, ocorre um golpe a cada 16 segundos no país. O levantamento mostra o aumento de 8,2% nos estelionatos, totalizando 1.965.353 registros desse delito somente em 2023. Em muitos desses casos, a porta de entrada para a ação dos fraudadores é o celular. Uma gama de ataques chega diariamente aos aparelhos dos brasileiros, tirando o sossego e exigindo atenção constante.
As ocorrências também afetam o modo de prevenção por parte dos órgãos de segurança, uma vez que esse tipo de crime não se combate com policiamento ostensivo, mas com um trabalho de investigação detalhado e contínuo. Extorsão, fraudes, apropriação de dados, golpes sentimentais, assédio, violência psicológica e perseguição são algumas das modalidades praticadas on-line.
A modificação de operação da bandidagem escancara que é preciso investir em inteligência, oferecendo aos agentes policiais os meios necessários para esse enfrentamento. Estabelecer uma capacidade adequada de investigação para que os ataques não ocorram – e quando forem feitos sejam identificados e punidos é fundamental. Esse é um desafio que deve ser encarado de maneira ampla, mobilizando diversos setores da sociedade. O caminho precisa partir da conscientização e chegar à identificação e responsabilização dos golpistas.
A legislação e as ações de prevenção têm de se adaptar ao mundo virtual. O aparato de medidas para proteção e ressarcimento das vítimas vem crescendo, mas a realidade das infrações cibernéticas não permite descanso. A eficiência na abordagem da criminalidade digital é ponto urgente para barrar o avanço das ocorrências. A ameaça crescente para a segurança digital e a integridade das informações pessoais, empresariais e de organizações é uma questão a ser vencida.
A amplitude dos ataques, que ultrapassam fronteiras, é um dificultador. Diante disso, os agentes de segurança precisam dialogar e manter uma conexão permanente. O investimento em capacitação e a disponibilização de recursos para as forças policiais e órgãos judiciais são urgentes. De outra forma fica praticamente impossível lidar de maneira eficiente com essa quantidade de delitos.
No Brasil, a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber) busca abranger uma série de necessidades apontadas por diferentes instituições e especialistas para melhorar a governança sobre a temática, propondo a implantação do que existe de mais moderno na luta contra esses crimes. A participação de todos os segmentos sociais é primordial para que as discussões e decisões contemplem o respeito à manifestação e privacidade no meio virtual.
Os crimes na internet representam um risco significativo para a segurança digital. O combate eficaz requer uma abordagem vasta e que inclua medidas legislativas, judiciais e de cooperação da população. O Brasil precisa se fortalecer diante dessa realidade para proteger os indivíduos e as instituições contra os ataques digitais, que estão cada vez mais sofisticados.
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