Corte de rating do Brasil ameaça grau de investimento de até 16 empresas

olhovivo3

Até 16 empresas não financeiras do Brasil, incluindo grandes grupos, podem perder sua condição de grau de investimento atribuído pela Standard & Poor’s se a agência de classificação de risco reduzir seus ratings de crédito, após ter rebaixado a nota soberana do Brasil para “BBB-” no começo desta semana.

Na segunda-feira, quando rebaixou a nota do Brasil em moeda estrangeira na escala global citando preocupações com a política fiscal e o baixo crescimento econômico, a S&P anunciou ações imediatas de redução dos ratings de Petrobras, Eletrobras e Samarco. Todas elas ainda permaneceram, após o corte, dentro da escala de grau de investimento.

A S&P prosseguiu com os ajustes e reduziu na terça-feira os ratings atribuídos a 13 instituições financeiras no Brasil, também como consequência do rebaixamento da nota do país, segundo comunicado da agência de risco à imprensa nesta quarta-feira.

Os cinco bancos brasileiros que não tiveram suas notas alteradas sequer foram mencionados no relatório mais recente da S&P sobre o setor financeiro. Assim, Banco ABC, BTG Pactual, Banrisul, Safra e Votorantim continuam com a nota mínima dentro da faixa considerada grau de investimento.

Segundo levantamento da Reuters, na lista de empresas brasileiras não financeiras com rating atribuído pela S&P aparecem 16 companhias com nota “BBB-“, que separa o grau de investimento do grau especulativo. Quanto mais baixa a nota, maior o risco de inadimplência e, como resultado disso, maior o custo do capital para as empresas.

Nesse universo, três companhias aparecem em observação negativa: Oi, Telemar Norte Leste e CSN. Ou seja, elas já tinham viés de rebaixamento do rating independentemente da nota soberana.

Com perspectiva estável e também classificadas como “BBB-” estão nomes como Braskem, BRF, Gerdau, Klabin e Localiza.

Além de ter se pronunciado e agido sobre os ratings de instituições financeiras e de Petrobras, Eletrobras e Samarco, a S&P informou que o “downgrade” do Brasil não afeta imediatamente a qualidade de crédito de emissões de dívida por governos estaduais e municipais.

Mas a S&P ainda não se manifestou sobre o restante do universo brasileiro de sua cobertura. Procurada, a agência de risco não comentou, até a publicação desta reportagem, sobre eventuais novos cortes de rating de empresas brasileiras não financeiras.

Uma fonte próxima à S&P disse que “não vê como automático” o corte de notas de outras companhias em função da revisão do rating soberano do Brasil, mencionando que cada empresa é vista dentro do seu setor. Há ainda fatores a serem considerados como grau de diversificação geográfica, nível de exportações e o quão relacionadas estão as empresas com o governo federal.

Porém, o movimento de redução não seria surpreendente, uma vez que após revisões de ratings soberanos é relativamente comum que as notas de empresas do país alvo do corte sejam revistas pela agência de classificação na sequência.

Fonte: Reuters